quarta-feira, outubro 15, 2008

Notem bem que ainda não voltei oficialmente para cá.

Confusa. Dividida. Atarefada.

Não sei como raios ando conseguindo administrar bem meu tempo. A faculdade me toma a manhã; o trabalho - sim, voltei a trabalhar, hooray! - me toma a tarde. O tempo que me sobrava, até semana passada, era bem dividido entre os gatos, o moço e as tarefas da faculdade. Agora, entrou mais uma criaturinha fofa para dividir o já esparso tempo restante.

Não que eu não esteja satisfeita. Amo tudo que faço - e, bem, todos que me comem o período em que não faço nada -, mas é cansativo. São 10 pras 11 da noite, tenho uma prova amanhã para a qual preciso estudar, e amanhã acordo às 5h. Curiosamente, esta semana meu rendimento tem sido melhor. Pelo menos o acadêmico. Possivelmente tem a ver com o novo elemento da equação, mas não posso afirmar nada, heh.

Mas enfim. Passando por aqui só para avisar que o endereço do blog do projeto mudou - há um bom tempo, aliás. E que, como eu desconfiava, Tássia não me desapontou. Podem babar pelo layout, eu deixo xD Eu mesma ainda fico encantada às vezes ^^

Portanto, atualizem seus bookmarks: agora, diariamente - ou quase -, posts novos em http://oficinadeblogdaalinedee.blogspot.com. E, até o fim do semestre, este provavelmente será o último post.

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quinta-feira, setembro 04, 2008

Tirei o gesso.

E agora ando por aí com uma bengala, o tornozelo inchado que dá minhas duas mãos. Pelo menos agora posso pisar no chão.

***

Este blog está sendo enviado para uma câmara criogênica, e será reanimado ao final do semestre. Até lá, leiam-me em http://oficinadeblogdadee.blogspot.com, e sejam felizes.

O blog faz parte do projeto Oficina de Blog, da professora Eliana Mara, de Oficina de Leitura e Produção de Texto (LETA09), lá da UFBA. Quando o projeto estiver a todo vapor, façam-me o favor de fuçar nos blogs dos demais participantes também!

Vale avisar que o layout de lá ainda é provisório. Vocês me conhecem, sabem que eu nunca concordaria com um blog cor-de-rosa. Mas confio no bom senso de Tássia, e sei que ela vai colocar alguma coisa mais sóbria e menos "oie sol patrisinia cmo faso par coolacr dezenios q c meshen e piçcam no meu blogue/". Pelo menos espero.

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segunda-feira, setembro 01, 2008

A volta dos que nunca foram...

(Capitão Nascimento mode: on) ...nem nunca serão! (mode: off)

Morta, pálida e em cólicas de vergonha pelo tempo sem dar notícias. É que simplesmente... não houveram notícias. Fiquei tão no ar quanto vocês, e tudo o que soube é que teria aulas, de qualquer forma. Mil perdões.

Pra variar, só lembro que tenho um blog quando quero desabafar algo que me irrita, me deixa curiosa ou me frustra. Então, prontos para mais um momento diarinho?

Eu ia trabalhar no Bon Odori esse final de semana. Ia porque, vejam bem, eu fui na sexta. E consegui a proeza inigualável de DESPENCAR DO MEIO-FIO. Entendam, eu não sou exatamente gigante, mas, até onde me lembro, 1,68m não é necessariamente uma altura digna de ser chamada de salva-vidas de aquário também. Ainda assim, consegui levar um tombo homérico e torcer o pé tão brutalmente que precisei engessar.

É. Engessar. Anos andando de patins (e alguns meses tentando andar de skate) sem nunca conseguir nada mais que meros arranhões e hematomas, pro meu primeiro gesso ser fruto de um descuido imbecil. E eu nem de salto estava - aliás, usava meu all star de estimação! Só eu mesma pra conseguir um feito desses.

Nesse caso, atribuo a culpa ao inferno astral. Não é possível, a culpa só pode ser dele. Não existe uma explicação lógica.

Pra minha sorte, a folga forçada - já que o médico me ORDENOU que ficasse de molho em casa até o dia de tirar essa peça de armadura da perna esquerda - só vai até quinta-feira. Sexta, volta a normalidade, volta a faculdade, volto a viver.

E aí perdi 40 reais que iria ganhar nos dois dias de trabalho que deixei de ir. Perco todas as aulas de quase todas as matérias essa semana. Perdi até a liberdade dentro de casa - moro no segundo andar da casa, e me mudar por essa semana pro quarto no térreo, que é da avó do namorido, não é uma opção. Lá não tem PC. Como preencheria meus dias - e adiantaria o pouco que dá pra adiantar dos meus estudos - sem um PC por perto?

Assim, estou me sentindo cada vez mais inútil. O almoço tem de ser trazido até mim. Não posso tomar banho sozinha. Desculpem a nojeira, mas até pra cagar tá foda. Como Cris trabalhou o fim-de-semana inteiro no evento, os gatos praticamente passam fome, já que nem me abaixar pra colocar ração pra eles eu consigo. Ou pior, até dá, mas eu não levanto de jeito nenhum.

Não vejo a hora de quinta chegar. Eu, que desejei tanto que ela não chegasse, por ser o dia da minha vacina (mencionei que tenho pavor de agulhas?), agora anseio por poder me livrar dessa porcaria que coça e esquenta que é o inferno. Ô vidinha desgramada.

Pelo menos o gesso sai antes do meu aniversário. Porque ir pra um luau com a perna mumificada não dá.

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domingo, junho 15, 2008

Hoje...

Hoje eu queria fazer uma homenagem.

Uma homenagem a uma pessoa que, nos últimos 3 anos, 4 meses e dois dias, se tornou uma das criaturas mais essenciais na minha vida (junto com Raoul e Lina, que, diga-se, já são amigos e estão dormindo enroscadinhos aqui na cama). Uma homenagem a alguém que me atura, me suporta, me apóia e me faz sorrir, mesmo quando eu não estou no mood para tal.

Alguém que cuida de mim quando estou doentinha, e que fica cheio de dengo quando sou eu que tenho que cuidar. Que faz brigadeiro e que se deixa convencer a comprar velinhas.

Que dorme em qualquer lugar, mesmo quando eu tô hiperativa por excesso de café e açúcar e não paro de falar um segundo. Que me deixa falando sozinha e acorda do nada fazendo algum comentário totalmente fora do assunto.

Meu bebê, meu anjinho, azeitoninha da minha empada de camarão.

Que nunca ninguém acertou a idade correta!

Croc: Crocância e Cretinice todos os dias, desde 1978.

Feliz aniversário, meu amoreco! Não é todo dia que se completa trintão, afinal! xD

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terça-feira, junho 03, 2008

Gatos e mais gatos

Depois do episódio da castração de Raoul, resolvi que só um felino não era suficiente para acalmar meus instintos maternais. Então, resolvi aproveitar que Ciele estava procurando um voluntário para adotar uma gatinha filhotinha que ela resgatou da rua e trouxe a bichana pra casa.

O nome dela agora é Lina. E eu afirmo seguramente que ela é a gatinha mais ronronante do universo, além de tomar banho comportadamente (quer dizer, ela nem tentou me matar enquanto eu tentava matar as pulguinhas dela afogadas!), ter se tornado meu próprio rabinho (aliás, meu e de todo mundo aqui de casa... se tiver duas pessoas indo em direções opostas, acho que ela surta), ser uma espoletinha e ter grande potencial pra ser gata de tricô - já se apegou de tal forma à avó do Cris que até dá dó pensar em trazê-la aqui para cima eventualmente.

Digo eventualmente porque Raoul, ciumento como ele só, ainda não se adaptou. Claro, ainda tem pouco tempo (trouxe Lina para casa no sábado de manhã), mas ele não parece lá muito disposto a colaborar. Por enquanto, ela fica no lavabo lá embaixo, e ele continua aqui no quarto. Graças à Lina, tenho passado metade do meu dia na sala e metade aqui, tentando dar carinho igual aos dois e me esfregando nela pra pegar o cheiro e fazer Raoul associar com o carinho que dou a ele.

Acho que está funcionando. No primeiro dia, Raoul gritava só de sentir o cheiro dela e ouvir o miadinho. Agora, só hiss de levinho, e não tenta me arranhar quando eu passo com ele no colo pela porta do lavabo, e até está dormindo enroscado com uma camisa do Cris que ele tratou de impregnar com o cheiro da bebê.

Espero que esse período de adaptação termine logo, pra começar a adaptação dela com a caixinha de areia. A safada tá com mania de fazer suas necessidades sólidas dentro do ralo do banheiro ou dentro da pia, e só de tentar limpar já me dá ânsia de vômito.

Até que eu traga ela aqui pra cima, suspeito que só vou poder alimentar minha fantasia de dormir com dois gatos enroscados perto do meu travesseiro. Ô dó...

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sexta-feira, maio 30, 2008

Objetos de estimação

Costumo dizer que o ankh e os brincos de meia-lua são meus "amuletos limitadores". Quando os tiro, eu me sinto totalmente desprotegida e ao mesmo tempo a pessoa mais poderosa do mundo, como se todas as energias do mundo pudessem entrar em mim e fazer o estrago que quisessem, até que fossem absorvidas pelo meu organismo e passassem a fazer parte de mim.

E o pior é que meu hábito de nunca tirar o ankh veio de uma promessa que fiz à minha mãe, justamente de mantê-lo sempre comigo. E os brincos de meia-lua são porque foi com eles que fiz o segundo furo, que tem uma tendência muito irritante de inflamar se eu colocar qualquer outro brinco, mesmo que anti-alérgico.



As duas primeiras pulseiras que fiz, fiz menos pra vender e mais porque seriam do meu agrado. Uma preta e roxa, outra vermelha e preta. Meu brinquinho de pentagrama eu comprei junto com o presente de aniversário de Blao, porque achei bonitinho e tinha uns trocados sobrando. Ainda assim, me sinto completamente nua se saio de casa sem usar qualquer destes acessórios.



Uso duas pulseiras de linha na mão direita. Uma eu fiz, como uma espécie de "pacto" de amizade, pra simbolizar um momento em que eu e mais três amigos tomamos a liderança quando nosso grupo passou por uma situação deveras estressante, e essa situação acabou nos unindo muito mais do que eu esperava. Fiz com um fio verde, um azul e um roxo, simbolizando a energia deles três, e uma miçanga vermelha, simbolizando a minha energia, porque eu não sei fazer trança de quatro fios. Um deles não aceitou, então ofereci a pulseira a um outro amigo bastante próximo de todos nós. Acabei fazendo pulseiras iguais pra todos os amigos próximos e queridos, mas só nós quatro temos pulseiras com a miçanga vermelha.

A outra pulseira foi uma das primeiras que fiz quando a Japa me ensinou a fazer "pulseira de praia". De linha vermelha, duas miçangas pretas e uma preta e branca, Coloquei ali porque me acostumei demais a usar uma pulseira desse tipo que a Japa me deu, e que arrebentou depois de algum tempo.

Nunca fui vista sem estar com a pulseira "do pacto", desde que a coloquei no pulso. Acho que eu me sentiria fraca sem ela.



Faço coleção de chaveiros. Carrego todos pendurados nas minhas chaves de casa. Meus amigos, que já sabem disso, sempre que encontram algum chaveiro bonitinho na rua ou não querem mais algum dos deles, me dão. Na última contagem, tinha 11.



Dificilmente saio de casa sem: mp4, chaves de casa, carteira, caixinha de maquiagem que o Ed me deu, lápis de olho, roupas íntimas reserva, remédio pra cólica, analgésico, calmante, óculos escuros, caderninho de anotações, um frasco de desodorante, escova de dentes, lápis, caneta, lixa de unha, cigarro, isqueiro, anéis de latinha (que eu não levo de propósito, mas sempre encontram uma maneira de entrar na minha bolsa), absorventes (mesmo que minha menstruação tenha acabado dois dias antes), uns 3 ou 4 prendedores de cabelo e frequentemente uma camisa reserva, já que eu nunca sei quando vou dormir fora de casa ou não. Às vezes coisas estranhas se infiltram na minha bolsa, tipo palitos de fósforo queimados, meias usadas e pedacinhos da ração do gato.



Guardo o primeiro bigode que caiu do gato no meu cofrinho de moedas. Às vezes, sinto vontade de colecionar os cravos mais gigantes que consigo espremer, só pra mostrar pros outros.



Não vivo sem uma pinça. E adoro meias.



Agora vocês sabem todas as coisas estranhas que me são de estimação. E você, que espécie de tralha você junta?

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quinta-feira, maio 29, 2008

Passei alguns anos da minha vida sem conseguir derramar uma lágrima pelo que quer que fosse, e, de uns dois anos pra cá, parece que é tudo que eu tenho feito. É como se eu tivesse uma torneira emperrada dentro de mim, e de repente alguém passasse óleo de cozinha na rosca. Desemperrou, abriu e emperrou de novo tão logo o óleo secou. Pra não fechar nunca mais.

Só que ontem, quando eu decidi levantar meu traseiro branquelo da cama, eu decidi simplesmente enfiar uma rolha na porcaria da torneira. Não importa se ela vai estourar com muito mais força mais tarde, contanto que segure o fluxo por tempo suficiente pra eu fazer o que preciso fazer.

E então eu fiz o que devia ter feito, e acabei recebendo boas notícias. É muito provável que eu comece a trabalhar em julho, a duas quadras de casa, fazendo um serviço que eu já conheço bem e até que gosto, apesar do stress.

A rolha aguentou, a explosão aquática não aconteceu e, sinceramente, eu fiquei com aquela sensação pós dia chuvoso, quando o céu ainda está nublado, o tempo está fresco e você sente o ar um pouco mais puro (ou menos poluído, dependendo de onde você está).

Dormi cedo, saí da cama antes do sol e resolvi coisas pendentes em casa. Até que a vida não é tão ruim assim.

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quarta-feira, maio 28, 2008

Eu precisava levantar, deixar a faxineira limpar o quarto, entregar alguns currículos. Mas não conseguia sair da cama.

Procurei o apoio do gato. Ele dormia, sendo fofo, e, assim sendo, me ignorou. Completamente.

Comecei a pensar na vida. Quando menos esperava, comecei a chorar. Me assustei, e, com o susto, chorei ainda mais. Me embrulhei no cobertor, e, assim protegida, convulsionava. O travesseiro ensopado, só consegui estender a mão e agarrar o outro travesseiro, para ter o que abraçar.

O gato acordou. Lá da cadeira onde ele dormia, me olhava, seus grandes olhos verdes refletindo o sol direto nos meus, também verdes, mas agora miudinhos de lágrimas. Sequer um bigode moveu para me apoiar.

Cansada de me auto-lastimar, levantei. Tomei café, deixei a faxineira entrar e comecei a planejar o que ia fazer hoje, o primeiro dia do resto da minha vida.

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quarta-feira, maio 21, 2008

Anos dourados

Quando eu era pequena, uma vez meu pai me disse que crianças só se lembram das coisas boas que lhes aconteceram, e os adultos tendem a só lembrar das coisas ruins.

E, quando eu me lembrei disso, eu fiquei me perguntando se isso quer dizer que eu penso como uma criança, porque toda vez que eu me deixo perder em meus pensamentos, eu só consigo lembrar de coisas felizes. Freqüentemente isso me deixa deprimida, pensando que o passado que era melhor, mas ás vezes eu fico toda abestada viajando nas minhas lembranças.

Será que meu pai queria dizer que à medida que a gente cresce, vai acumulando cada vez mais experiências tristes que felizes, ou que a infância é feliz e por isso as crianças não costumam ter lembranças desagradáveis?

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quarta-feira, maio 14, 2008

Amor de mãe [2]

Ninguém perguntou, mas o gato passa bem e a cirurgia foi um sucesso.

Passei horas de puro sofrimento materno. Cada miadinho desesperado que eu ouvia vindo da sala de operações, eu achava que era ele. Já estava começando a me achar uma louca, quando uma senhora, que aguardava seu pequeno Chamuscado (veja como são as coisas, eu sei o nome do gato dela e ela sabe o nome do meu; em momento algum eu perguntei o nome dela, e nem ela o meu), comentou exatamente a mesma coisa comigo. Fiquei aliviada.

Então, depois de 4h ouvindo as longas peripécias dos dois anos de vida de Chamuscado, contando as peraltices dos quase três de Raoul, batendo papo com os donos de três cães que também estavam lá para perder as bolas, finalmente Videl veio da sala de operações com meu bebê no colo. Meu coração quase parou de medo quando o vi - ainda totalmente anestesiado, os olhos abertos e fixos, a respiração tão fraquinha que mal se via o peito dele mexer. Aí ela me explicou que era normal, e que dali a pouco ele começaria a acordar. O procedimento padrão seria ele ficar na sala ainda, até os efeitos da anestesia começarem a passar, mas ela conseguiu que ele ficasse comigo enquanto se recuperava, contanto que, qualquer coisa, eu chamasse algum veterinário. Acho que só concordaram porque o pestinha deu um pouco de trabalho, e ele provavelmente se sentiria mais seguro se a primeira coisa que visse quando acordasse fosse algo familiar.

Quando finalmente viemos para casa e eu o tirei da bolsinha dele, além de ele estar todo mijado (o safado fez xixi três vezes dentro da sacola, duas delas enquanto a sacola estava no meu colo), tava todo cambaleante. Dei um pouco de água para ele, deixei ele sentadinho na caixinha de areia por via das dúvidas e fui lavar a bolsa, minha calça e as toalhas e roupas (usadas, minhas e de Cris) que estavam dentro da bolsa para mantê-lo quentinho e se sentindo seguro. Quando voltei é que fui prestar atenção nele.

O bichinho andava que parecia estar bêbado. Cambaleante, se tentava se deitar perdia o equilíbrio, caía e ficava por ali mesmo. Acho que, orgulhoso como todo bom gato, ele preferia fingir que era essa a intenção dele desde o começo a admitir que não estava muito bem. Não miava e mal comia, porque não tinha forças para manter a boquinha aberta. Às vezes começava a bocejar, mas perdia o interesse e ficava com metade da língua pra fora da boca.

Toda vez que eu o via conseguindo fazer alguma coisa sem precisar de ajuda, me dava vontade de chorar. Só relaxei quando fui tirar um cochilo, e ele deitou juntinho de mim. Peguei no sono sentindo a respiração dele, cada vez mais forte, as patinhas de trás apoiadas no meu joelho, a cabeça deitada no meu travesseiro, as costas na minha barriga.

Acordei quando Cris chegou, e, pro meu quase-desmanchamento-em-lágrimas, o gato começou a miar. Miado fraquinho, ainda meio incerto, mais fininho, mas, ainda assim, desde de manhã cedo que ele não miava. Passamos o dia inteiro mimando o bichinho, alimentando com ração cremosa (porque daí ele não precisava mastigar), carregando ele no colo quando ele queria ir pra sala com a gente, fazendo cafuné e paparicando de todas as formas possíveis. De noite, quando viemos deitar, ele se enfiou entre a gente e dormiu, ora enroscado em Cris, ora enroscado em mim, sempre sem sair de debaixo do lençol.

Acordei com ele miando, mais alto, mais forte e definitivamente mais fino, e, novamente, quase chorei quando o vi atacar a ração seca com uma fúria que parecia que ele não comia direito desde anteontem. Bom, ele realmente não tinha comido praticamente nada desde anteontem.

E agora, ele dorme. Debaixo da cama, porque é quentinho e escuro. Não vejo a hora de ele ficar totalmente recuperado, pra eu trazer a nova irmãzinha dele pra casa.

É, nova irmãzinha. Porque coração de mãe é assim - sempre cabe mais um. E como ela já meio que me adotou mesmo...

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terça-feira, maio 13, 2008

Amor de mãe

Eu sei que é para o bem dele. Eu sei que ele está sofrendo um pouco agora, tenso, sem saber exatamente porque está sendo submetido a isso, mas, quando isso passar, ele não vai sofrer tanto.

Mas eu não consigo não sentir esse aperto na garganta quando o vejo chorando, pedindo comida.

Daqui a cerca de 1h30 começa o procedimento de castração do meu bichinho. Desde 19h30 de ontem o potinho de comida dele foi confiscado, por causa da anestesia. Quem disse que eu dormi essa noite?

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quarta-feira, abril 30, 2008

A Morte tem várias faces

Ela apareceu de repente, quase fora do meu campo de visão. Quando percebeu que eu a havia notado, disfarçou-se, como pôde, de gnomo.

"Gnomo nenhum carrega uma alabarda, ainda mais desse porte!", disse, indignada. Chamei a atenção de meus amigos.

Um deles disse que mais parecia a Morte. Eu sabia que não estava enganada. Te peguei, safada, o disfarce não colou.

Ela não se deu por vencida. Mudou o disfarce, encarnando um mago velho tipo Gandalf. Sua foice, um cajado. Dessa vez convenceu, mas, lá no fundo, eu sabia que era ela.

Fiquei olhando encucada, até que veio o vento e a desfez. Voltou a ser só mais uma nuvem no céu estrelado sobre o mar escuro. Terminamos nosso vinho, entramos no carro e fomos para nossas casas.

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segunda-feira, abril 28, 2008

Estou fazendo cestos de jornal.

E sim, é porque eu não tenho mais porra nenhuma de útil pra fazer até agosto, que é quando minhas aulas começam.

Eu estava precisando de um cesto pra colocar revistas em quadrinhos, já que sou uma consumidora ávida. Sem dinheiro, corri os olhos pelo quarto e dei de cara com uma pilha de revistas velhas que não foram jogadas fora por preguiça. Achei interessante torná-las úteis e me sentir uma pessoa politicamente correta uma vez na vida que fosse.

Portanto, amiguinhos, estou aceitando doações de revistas e jornais velhos.

(Mas se quiser me doar romances de Dragonlance em inglês, que estão baratinhos na Saraiva, também tô aceitando. Quem sabe não paro de me cercar de papeis, revistas e traças?)

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domingo, abril 13, 2008

Num mundo ideal...

...antes de ser considerado legalmente adulto, o ser humano deveria ser aprovado em uma bateria de testes aplicados pelo governo. Não seria nada de excessivamente complicado, apenas algumas provas teóricas e uma série de avaliações práticas, para confirmar o talento do indivíduo ao lidar com as situações cotidianas. Caso o candidato fosse reprovado, seria enviado de volta ao jardim de infância da vida, para reestudar tudo de novo bem do princípio, começando com aquela época em que os orifícios da tomada pareciam ser lugares legais de se enfiar o dedo.

Como eu disse, os testes seriam simples, mas variados. Iriam da prova escrita de "Lista de Supermercado 101" até à prova prática de "Pagar a Conta de Luz em Dia III". Claro, haveriam também cadeiras de "Civilidade e Respeito ao Próximo", "Mantendo Informações Que Os Outros Não Querem Saber Para Si", "A Hora e a Medida Certa de Dar Chineladas em Seus Filhos" e "A Verdadeira Função do Celular".

Infelizmente, esse mundo ideal, onde, aliás, os insetos e os aracnídeos têm pavor de seres humanos e mantém a distância, os palhaços de circo foram todos substituídos por comediantes stand-up e foi decretada uma lei proibindo o consumo de coentro, cominho e vísceras (exceto coração e fígado de galinha, e este último só em forma de patê), só existe na minha cabeça.

E é por isso que somos obrigados a aturar emos, pagode no último volume até altas horas da madrugada em plena segunda-feira, caixas de banco cheios de má vontade, piriguetes que não sabem falar baixo comentando suas intimidades com a amiga (e o resto todo do ônibus, aparentemente), celulares tocando no último volume dentro do cinema, e, principalmente, aquela sensação de desamparo completo que nos acomete quando nos damos conta de que, embora teoricamente adultos, não sabemos nada da vida. E pensar que é nossa responsabilidade educar a próxima geração...!

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terça-feira, abril 08, 2008

Eu quero ter um milhão de amigos...

Eles podem surgir de qualquer parte, em qualquer lugar. A princípio, movidos pelo interesse; mesmo sabendo disso, não resisto a seus olhos brilhantes e cedo muito mais do que teoricamente deveria. Eu sei, sou ingênua demais.

Eles se aproximam, temerosos. Acho que não acreditam que eu realmente esteja disposta a dar a eles o que eles querem de mim. Então me abro, e deixo que tomem de mim o que quiserem, sem medo, sem apego. A mera presença deles me enfeitiça, e eu não consigo evitar fazer o que eles querem. Só faço o que tenho que fazer e fico lá, parada, com cara de abestalhada admirando cada movimento.

É nesse momento que conquisto sua confiança, e, no mundo em que eles vivem, isso significa muito mais do que no nosso. E, antes que eu perceba, milhares deles se agrupam ao meu redor, felizes, gentis, fazendo que eu me sinta parte da gangue.

Não importa onde: seja no Pelourinho ou no Mercado do Peixe, indo para o shopping ou voltando para casa, sempre tem um cãozinho ou um gatinho de rua ao meu redor, clamando por comida, um lar ou simplesmente um pouco de atenção e carinho.

E eu sempre fico com uma dor enorme na alma quando vou embora, uma vontade imensa de carregar eles todos para casa. Queria morar num lugar com tanto espaço para bichinhos quanto meu coração.

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segunda-feira, abril 07, 2008

Passarinhos nucleares

As idéias são como passarinhos: surgem aparentemente do nada, e, a qualquer movimento brusco, elas se assustam e voam para longe. No entanto, é preciso certo cuidado no manuseio, maior que com pássaros - uma idéia provocada na hora errada pode fazer um estrago muito maior do que uma simples mancha de sujeira no capô do carro. Elas explodem e acabam ferindo quem estiver por perto. São passarinhos atômicos, passarinhos nucleares.

Certa feita, estava eu no ônibus e me surgiu uma idéia genial para postar no blog. Apesar de carregar sempre comigo uma caderneta para anotá-las, e dar a merecida atenção a elas depois, não tinha sequer um lápis no momento. Fiquei com medo.

Me agarrei à idéia como se dela dependesse minha vida, evitando desenvolvê-la mentalmente. Afinal, tenho o hábito de viajar tanto em minhas idéias que freqüentemente esqueço o ponto em que comecei. Ignorei solenemente todas as outras que vieram na seqüencia, e, tão logo cheguei em casa, anotei a idéia original e, só então, me permiti viajar nela. Todas as demais, claro, desapareceram, assustadas com a determinação com que eu me agarrava em uma delas.

Suspeito que os passarinhos que fugiram tinham cores bem mais bonitas que os que eu engaiolei. Mas, fazer o que, é a vida. Mais vale um pássaro na mão...

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quinta-feira, março 27, 2008

Roncos e outros ruídos constrangedores II

Coloquei os protetores de ouvido e fui tentar dormir.

Falhei miseravelmente. Os ruídos eram tão altos que ultrapassavam os protetores.

Bom, pensei, pelo menos o Cris tá aqui comigo. Se eu estivesse "sozinha", era capaz de viajar que era um monstro ou as vozes da minha cabeça ou sei lá.

Resolvi abraçar o Cris, então. Porra! Até ele tava roncando! Não tinha percebido até abraçá-lo, já que o barulho do outro sobressaía, mas a vibração no peito era inconfundível. Me senti em um complô, temendo até virar para o outro lado e descobrir que o gato também roncava.

Me resignei. Rolei para um lado, rolei para o outro e assim fiquei, até o roncador acordar. Aí sim consegui dormir, embora ache que tenha obtido sucesso em fingir que dormia todo o resto do tempo.

...apenas para acordar umas 3h depois, com o cidadão roncando de novo. Puta que o pariu.

Desisti de dormir e fui descontar a raiva esmagando alguém no Super Smash.

Mais tarde, Cris me conta que, pela manhã, quando eles estavam acordados e eu dormindo, ronquei feito um trator. Me senti perfeitamente vingada. Espero que eu tenha expelido gases tão barulhentos quanto os dele nesse meio tempo também.





Moral da história: Quando for dormir com alguém que diz que ronca muito, lembre-se de tomar tranquilizantes para cavalo antes de ir para a cama. Você nunca sabe se eles estão sendo sinceros ou não.


Ah, e Super Smash Bros Brawl é uma ótima maneira de descontar o stress da noite mal dormida. Além de ser um puta jogo. =P

***

Preparem seus corações: vem aí, Crocast. =P

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quarta-feira, março 26, 2008

Roncos e outros ruídos constrangedores

Sempre ouvi falar em pessoas que conseguem, simultaneamente, roncar, peidar e falar dormindo, mas nunca acreditei na existência delas. Para mim, pareciam tão fantásticas como o coelho da páscoa ou o Papai Noel ou um político honesto. Infelizmente, ontem descobri o quão reais (e incômodas) elas podem ser.

Eram quase 4h da manhã, e, cansada de embromar no computador, resolvi ir deitar. Ele, nosso amigo que veio nos visitar depois de algum tempo sem nos vermos e acabou ficando para dormir, bem que havia avisado, mas achei que era exagero dele, usando aquela velha tática de exagerar uma coisa para que, quando ela aconteça, passe quase despercebida. Não era exagero. Ele realmente roncava tanto quanto um trator.

Pois bem, 4h da manhã, desisti de esperar a sinfonia acalmar, e fui deitar. Sem protetores de ouvido (que por acaso eu tenho), porque, considerei, se eu consegui dormir, ainda que penosamente, com Japa e Blao no mesmo quarto, felizmente não simultaneamente... Qualquer coisa eu aguento.

Ledo engano.

Como eu estava distraída no computador, não tinha conseguido ainda conceber a magnitude daquele ronco. Uma vez deitada, consegui identificar sons de São Bernardo rouco, porco no cio e moto-serra enferrujada. Chegou a um ponto em que eu comecei a apreciar a musicalidade. Já que eu não ia dormir, porque não me entreter com aquilo?

De repente, "prrrt". Prrrt? Peraí. Reconheço como partes dessa sinfonia "ronc", "gasp" e "rrrargh". Todos mais graves que esse prrrt. Sentei-me na cama para analisar melhor.

Como que para me surpreender, um novo som se integrou ao espetáculo: a voz do condutor da orquestra. Pude distinguir "aiaiai", depois algo sobre levar a enteada dele na escola, algo sobre internet e depois mais coisas ininteligíveis, tudo entremeado de roncos. Achei que o ruído que me havia chamado a atenção originalmente tivesse sido produto da minha imaginação.

Aí ele se repetiu. E eu comecei a rir, por ter descoberto que ele havia sido produzido por um orifício diferente dos demais. Desisti da orquestra, peguei meus protetores e fui dormir.

Continua...

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sábado, março 01, 2008

To drink or not to drink

Não entendo porque as pessoas ficam orgulhosas quando dizem que tomaram um porre memorável. Quer dizer, toda a ideologia por trás de tomar um porre de verdade, daqueles com direito a vomitar e dormir na sarjeta e acordar com um cachorro lambendo a boca, não é, precisamente, esquecer?

Tudo bem, tudo bem. Admito que diversas vezes me referi ao porre que tomei no meu aniversário como "um porre memorável". Mas é que esqueci demais. Esqueci mais do que posso me lembrar de jamais ter esquecido em um porre, na verdade. O que deve ser um bom sinal, afinal, como todo mundo, quando bebo, bebo pra esquecer. Inclusive o que já esqueci.

De toda sorte, pra que serve um porre memorável? Não tenho certeza, mas acredito que me porto de forma bastante ridícula quando estou bêbada. Seria muito constrangedor lembrar de cada momento do porre, no dia seguinte. Talvez eu sequer conseguisse encarar meus amigos - e companheiros de copo - nos olhos, caso eu lembrasse de tudo.

Tenho um amigo que diz que seu porre mais memorável - e o que o fez decidir parar de beber, aliás - envolveu um carro. Envolveu, aliás, ele e o carro, encenando uma cena de sexo selvagem no meio da rua. Acho que se eu tivesse vivido uma situação dessas - e ela fosse memorável, claro -, provavelmente também teria parado de beber. E nunca mais olharia para um carro com os mesmos olhos.

Graças aos deuses, eu não sou muito dada a porres memoráveis. Quando eu realmente fico bêbada, frequentemente eu esqueço. Imagina se no dia seguinte eu acordasse numa banheira de hidromassagem, com 5 dos meus melhores amigos, todos nus, e conseguisse lembrar de cada detalhe da noite? Como iria encará-los?

Enfim. Hoje é sábado, e, portanto, dia de tomar um porre. De preferência, imemorável. Desejem-me sorte.

Aceito pacotes ultra-size de engov.

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quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Almocei e peguei o ônibus para ir ao cartório. Como sou míope de pai e mãe (bom... míope de pai, astigmata -quê?- de mãe, mas enfim), e estou a uns bons 6 anos sem usar óculos direito, pego o ônibus pela cor e pelo pouco que consigo distinguir das letrinhas na frente.

Fui descobrir que não era o certo quando ele virou pra pegar a Paralela, uns bons 2km antes do ponto em que eu desceria. Como estava com o dinheiro contado (a propósito, não precisei rodar a bolsinha), decidi saltar ali mesmo e ir andando.

Solaço de meio-dia na testa, eu de salto alto. Cheguei ao cartório dolorida, com os pés inchados e os braços tão vermelhos que quase falei para a atendente "mim Arielle, mim querer procuração pro cacique da tribo". Resisti ao impulso e pedi, normalmente, uma senha para procuração. A moça me encaminhou direto pro cubículo do escrevente.

"Ótimo", pensei. Não precisaria ficar duas horas e meia esperando para ser atendida, e talvez eu conseguisse sair dali a tempo de mandar a bendita pro Rio por sedex e ela chegar ainda amanhã.

- Moça, vocês fazem procuração de hasta pública?
- Fazemos sim. Pra isso você precisa de uma senha especial, mas as senhas de hoje acabaram. Só amanhã, agora. Tenta vir de manhã pra conseguir uma.

Engoli com dificuldade a vontade de chamar a escrevente, a mulher que tinha me atendido de manhã e, na verdade, todo o sistema judicial brasileiro de filhos de uma puta arrombada.

Expliquei cuidadosamente a urgência da situação, dando um vislumbre geral do problema (eu preciso disso pra semana passada!), e pedi com carinho que ela me indicasse um cartório menos concorrido, onde eu talvez conseguisse fazer ainda hoje a porcaria do treco.

- Talvez até tenha senha em algum cartório, mas... você sabe que esse tipo de procuração leva 15 dias pra ficar pronta, né?

COMO ASSIM?! Da última vez em que eu fiz uma procuração dessas, em Recife, levou pouco menos de 40 minutos, e isso porque eu fiquei discutindo com o tabelião sobre alguns dos termos utilizados.

- Só tem um cartório em Salvador que entrega esse tipo de documento no mesmo dia...

Ótimo! Dá logo o endereço do lugar, moça! Não enrola!

-...que fica na Baixa do Sapateiro, e é bom chegar lá umas 8h da manhã pra conseguir pegar a senha.

Moro em Itapuã. Para quem não está muito familiarizado com a geografia de Salvador, basta dizer que é literalmente do outro lado da cidade.

O que quer dizer que amanhã é dia de acordar 6h da manhã. Ô fase.

Pelo menos, com alguma sorte, amanhã mesmo acaba essa novela.

***

Estou chocada, passada e em 47 tons de bege.

Um amigo nosso veio nos visitar hoje. Depois de irmos ao mercado, ele estacionou o carro aqui na frente de casa, ligou o alarme e nós entramos pra comer. Ficamos na sala, de forma que, se o alarme disparasse, ouviríamos. A violência aqui nas vizinhanças está absurdamente em alta.

Comemos até não mais aguentar, e depois ele foi embora. Na hora em que ele estava saindo com o carro, foi ligar o rádio e... cadê?

Ou esse nosso amigo não sabe lidar direito com o alarme do próprio carro, ou o ilustre cidadão que levou embora o rádio do carro dele tem as manhas de desarmar alarme.

Terceiro roubo de rádio de carro de alguém próximo que ocorre literalmente na porta aqui de casa. Da outra vez roubaram o do nosso carro e o do carro de Amy, no mesmo dia, durante o feriadão do dia das crianças. A diferença é que nenhum dos dois tinha alarme na época, e os imbecis ainda tiveram as manhas de quebrar o vidro do nosso carro. Graças a isso nossos vizinhos perceberam que tinha algo de errado e vieram nos avisar.

E é assim que a máquina pública funciona: se dão ao trabalho de criar toda uma burocracia pra atrapalhar os cidadãos na hora de resolver seus problemas, mas, pra botar polícia na rua e defender o que os cidadãos suaram pra conseguir, não dá, né?

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