domingo, abril 13, 2008

Num mundo ideal...

...antes de ser considerado legalmente adulto, o ser humano deveria ser aprovado em uma bateria de testes aplicados pelo governo. Não seria nada de excessivamente complicado, apenas algumas provas teóricas e uma série de avaliações práticas, para confirmar o talento do indivíduo ao lidar com as situações cotidianas. Caso o candidato fosse reprovado, seria enviado de volta ao jardim de infância da vida, para reestudar tudo de novo bem do princípio, começando com aquela época em que os orifícios da tomada pareciam ser lugares legais de se enfiar o dedo.

Como eu disse, os testes seriam simples, mas variados. Iriam da prova escrita de "Lista de Supermercado 101" até à prova prática de "Pagar a Conta de Luz em Dia III". Claro, haveriam também cadeiras de "Civilidade e Respeito ao Próximo", "Mantendo Informações Que Os Outros Não Querem Saber Para Si", "A Hora e a Medida Certa de Dar Chineladas em Seus Filhos" e "A Verdadeira Função do Celular".

Infelizmente, esse mundo ideal, onde, aliás, os insetos e os aracnídeos têm pavor de seres humanos e mantém a distância, os palhaços de circo foram todos substituídos por comediantes stand-up e foi decretada uma lei proibindo o consumo de coentro, cominho e vísceras (exceto coração e fígado de galinha, e este último só em forma de patê), só existe na minha cabeça.

E é por isso que somos obrigados a aturar emos, pagode no último volume até altas horas da madrugada em plena segunda-feira, caixas de banco cheios de má vontade, piriguetes que não sabem falar baixo comentando suas intimidades com a amiga (e o resto todo do ônibus, aparentemente), celulares tocando no último volume dentro do cinema, e, principalmente, aquela sensação de desamparo completo que nos acomete quando nos damos conta de que, embora teoricamente adultos, não sabemos nada da vida. E pensar que é nossa responsabilidade educar a próxima geração...!

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