sexta-feira, maio 30, 2008

Objetos de estimação

Costumo dizer que o ankh e os brincos de meia-lua são meus "amuletos limitadores". Quando os tiro, eu me sinto totalmente desprotegida e ao mesmo tempo a pessoa mais poderosa do mundo, como se todas as energias do mundo pudessem entrar em mim e fazer o estrago que quisessem, até que fossem absorvidas pelo meu organismo e passassem a fazer parte de mim.

E o pior é que meu hábito de nunca tirar o ankh veio de uma promessa que fiz à minha mãe, justamente de mantê-lo sempre comigo. E os brincos de meia-lua são porque foi com eles que fiz o segundo furo, que tem uma tendência muito irritante de inflamar se eu colocar qualquer outro brinco, mesmo que anti-alérgico.



As duas primeiras pulseiras que fiz, fiz menos pra vender e mais porque seriam do meu agrado. Uma preta e roxa, outra vermelha e preta. Meu brinquinho de pentagrama eu comprei junto com o presente de aniversário de Blao, porque achei bonitinho e tinha uns trocados sobrando. Ainda assim, me sinto completamente nua se saio de casa sem usar qualquer destes acessórios.



Uso duas pulseiras de linha na mão direita. Uma eu fiz, como uma espécie de "pacto" de amizade, pra simbolizar um momento em que eu e mais três amigos tomamos a liderança quando nosso grupo passou por uma situação deveras estressante, e essa situação acabou nos unindo muito mais do que eu esperava. Fiz com um fio verde, um azul e um roxo, simbolizando a energia deles três, e uma miçanga vermelha, simbolizando a minha energia, porque eu não sei fazer trança de quatro fios. Um deles não aceitou, então ofereci a pulseira a um outro amigo bastante próximo de todos nós. Acabei fazendo pulseiras iguais pra todos os amigos próximos e queridos, mas só nós quatro temos pulseiras com a miçanga vermelha.

A outra pulseira foi uma das primeiras que fiz quando a Japa me ensinou a fazer "pulseira de praia". De linha vermelha, duas miçangas pretas e uma preta e branca, Coloquei ali porque me acostumei demais a usar uma pulseira desse tipo que a Japa me deu, e que arrebentou depois de algum tempo.

Nunca fui vista sem estar com a pulseira "do pacto", desde que a coloquei no pulso. Acho que eu me sentiria fraca sem ela.



Faço coleção de chaveiros. Carrego todos pendurados nas minhas chaves de casa. Meus amigos, que já sabem disso, sempre que encontram algum chaveiro bonitinho na rua ou não querem mais algum dos deles, me dão. Na última contagem, tinha 11.



Dificilmente saio de casa sem: mp4, chaves de casa, carteira, caixinha de maquiagem que o Ed me deu, lápis de olho, roupas íntimas reserva, remédio pra cólica, analgésico, calmante, óculos escuros, caderninho de anotações, um frasco de desodorante, escova de dentes, lápis, caneta, lixa de unha, cigarro, isqueiro, anéis de latinha (que eu não levo de propósito, mas sempre encontram uma maneira de entrar na minha bolsa), absorventes (mesmo que minha menstruação tenha acabado dois dias antes), uns 3 ou 4 prendedores de cabelo e frequentemente uma camisa reserva, já que eu nunca sei quando vou dormir fora de casa ou não. Às vezes coisas estranhas se infiltram na minha bolsa, tipo palitos de fósforo queimados, meias usadas e pedacinhos da ração do gato.



Guardo o primeiro bigode que caiu do gato no meu cofrinho de moedas. Às vezes, sinto vontade de colecionar os cravos mais gigantes que consigo espremer, só pra mostrar pros outros.



Não vivo sem uma pinça. E adoro meias.



Agora vocês sabem todas as coisas estranhas que me são de estimação. E você, que espécie de tralha você junta?

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quinta-feira, maio 29, 2008

Passei alguns anos da minha vida sem conseguir derramar uma lágrima pelo que quer que fosse, e, de uns dois anos pra cá, parece que é tudo que eu tenho feito. É como se eu tivesse uma torneira emperrada dentro de mim, e de repente alguém passasse óleo de cozinha na rosca. Desemperrou, abriu e emperrou de novo tão logo o óleo secou. Pra não fechar nunca mais.

Só que ontem, quando eu decidi levantar meu traseiro branquelo da cama, eu decidi simplesmente enfiar uma rolha na porcaria da torneira. Não importa se ela vai estourar com muito mais força mais tarde, contanto que segure o fluxo por tempo suficiente pra eu fazer o que preciso fazer.

E então eu fiz o que devia ter feito, e acabei recebendo boas notícias. É muito provável que eu comece a trabalhar em julho, a duas quadras de casa, fazendo um serviço que eu já conheço bem e até que gosto, apesar do stress.

A rolha aguentou, a explosão aquática não aconteceu e, sinceramente, eu fiquei com aquela sensação pós dia chuvoso, quando o céu ainda está nublado, o tempo está fresco e você sente o ar um pouco mais puro (ou menos poluído, dependendo de onde você está).

Dormi cedo, saí da cama antes do sol e resolvi coisas pendentes em casa. Até que a vida não é tão ruim assim.

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quarta-feira, maio 28, 2008

Eu precisava levantar, deixar a faxineira limpar o quarto, entregar alguns currículos. Mas não conseguia sair da cama.

Procurei o apoio do gato. Ele dormia, sendo fofo, e, assim sendo, me ignorou. Completamente.

Comecei a pensar na vida. Quando menos esperava, comecei a chorar. Me assustei, e, com o susto, chorei ainda mais. Me embrulhei no cobertor, e, assim protegida, convulsionava. O travesseiro ensopado, só consegui estender a mão e agarrar o outro travesseiro, para ter o que abraçar.

O gato acordou. Lá da cadeira onde ele dormia, me olhava, seus grandes olhos verdes refletindo o sol direto nos meus, também verdes, mas agora miudinhos de lágrimas. Sequer um bigode moveu para me apoiar.

Cansada de me auto-lastimar, levantei. Tomei café, deixei a faxineira entrar e comecei a planejar o que ia fazer hoje, o primeiro dia do resto da minha vida.

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quarta-feira, maio 21, 2008

Anos dourados

Quando eu era pequena, uma vez meu pai me disse que crianças só se lembram das coisas boas que lhes aconteceram, e os adultos tendem a só lembrar das coisas ruins.

E, quando eu me lembrei disso, eu fiquei me perguntando se isso quer dizer que eu penso como uma criança, porque toda vez que eu me deixo perder em meus pensamentos, eu só consigo lembrar de coisas felizes. Freqüentemente isso me deixa deprimida, pensando que o passado que era melhor, mas ás vezes eu fico toda abestada viajando nas minhas lembranças.

Será que meu pai queria dizer que à medida que a gente cresce, vai acumulando cada vez mais experiências tristes que felizes, ou que a infância é feliz e por isso as crianças não costumam ter lembranças desagradáveis?

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quinta-feira, maio 15, 2008

E na madrugada tediosa, sonolenta e depressiva, no MSN...

Arielle: eu adorava chiquititas ;_;
Arielle: quando eu tinha... 11 anos
Monsieur Coçard: huahuahuah sua tosca
Arielle: poxa, com 11 anos qualquer um é suscetível a tosqueiras!
Arielle: quer dizer, nessa época eu adorava funk o.o
Monsieur Coçard: aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Monsieur Coçard: teu passado te condena!!!!
Arielle: eu era jovem e inconsequente
Monsieur Coçard: huahuahuah
Monsieur Coçard: eu tb... :(
Arielle: tinha fé muito forte em ideais completamente errados
Arielle: como "se eu não usar uma calça de stretch, deus não vai me amar"
Monsieur Coçard: eu admito... já gostei de pagode
Arielle: ou "dançar é o tchan nas festinhas da escola faz parte do caminho para a ascenção espiritual"
Monsieur Coçard: hauhauhuahuahau
Monsieur Coçard: podis crer
Arielle: hoje em dia eu entendo que deus só não vai me amar se eu parar de jogar videogame
Arielle: e que parte do caminho para a salvação inclui consumir doses quase letais de absinto

***

Mike, brigadão pela madrugada de besteiras. Eu sentei na frente do PC aos prantos, e, graças a você (e a essa conversa, e à foca dançando smooth criminal, e ao clipe do junior senior), fui dormir de manhãzinha ainda gargalhando. =*

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quarta-feira, maio 14, 2008

Amor de mãe [2]

Ninguém perguntou, mas o gato passa bem e a cirurgia foi um sucesso.

Passei horas de puro sofrimento materno. Cada miadinho desesperado que eu ouvia vindo da sala de operações, eu achava que era ele. Já estava começando a me achar uma louca, quando uma senhora, que aguardava seu pequeno Chamuscado (veja como são as coisas, eu sei o nome do gato dela e ela sabe o nome do meu; em momento algum eu perguntei o nome dela, e nem ela o meu), comentou exatamente a mesma coisa comigo. Fiquei aliviada.

Então, depois de 4h ouvindo as longas peripécias dos dois anos de vida de Chamuscado, contando as peraltices dos quase três de Raoul, batendo papo com os donos de três cães que também estavam lá para perder as bolas, finalmente Videl veio da sala de operações com meu bebê no colo. Meu coração quase parou de medo quando o vi - ainda totalmente anestesiado, os olhos abertos e fixos, a respiração tão fraquinha que mal se via o peito dele mexer. Aí ela me explicou que era normal, e que dali a pouco ele começaria a acordar. O procedimento padrão seria ele ficar na sala ainda, até os efeitos da anestesia começarem a passar, mas ela conseguiu que ele ficasse comigo enquanto se recuperava, contanto que, qualquer coisa, eu chamasse algum veterinário. Acho que só concordaram porque o pestinha deu um pouco de trabalho, e ele provavelmente se sentiria mais seguro se a primeira coisa que visse quando acordasse fosse algo familiar.

Quando finalmente viemos para casa e eu o tirei da bolsinha dele, além de ele estar todo mijado (o safado fez xixi três vezes dentro da sacola, duas delas enquanto a sacola estava no meu colo), tava todo cambaleante. Dei um pouco de água para ele, deixei ele sentadinho na caixinha de areia por via das dúvidas e fui lavar a bolsa, minha calça e as toalhas e roupas (usadas, minhas e de Cris) que estavam dentro da bolsa para mantê-lo quentinho e se sentindo seguro. Quando voltei é que fui prestar atenção nele.

O bichinho andava que parecia estar bêbado. Cambaleante, se tentava se deitar perdia o equilíbrio, caía e ficava por ali mesmo. Acho que, orgulhoso como todo bom gato, ele preferia fingir que era essa a intenção dele desde o começo a admitir que não estava muito bem. Não miava e mal comia, porque não tinha forças para manter a boquinha aberta. Às vezes começava a bocejar, mas perdia o interesse e ficava com metade da língua pra fora da boca.

Toda vez que eu o via conseguindo fazer alguma coisa sem precisar de ajuda, me dava vontade de chorar. Só relaxei quando fui tirar um cochilo, e ele deitou juntinho de mim. Peguei no sono sentindo a respiração dele, cada vez mais forte, as patinhas de trás apoiadas no meu joelho, a cabeça deitada no meu travesseiro, as costas na minha barriga.

Acordei quando Cris chegou, e, pro meu quase-desmanchamento-em-lágrimas, o gato começou a miar. Miado fraquinho, ainda meio incerto, mais fininho, mas, ainda assim, desde de manhã cedo que ele não miava. Passamos o dia inteiro mimando o bichinho, alimentando com ração cremosa (porque daí ele não precisava mastigar), carregando ele no colo quando ele queria ir pra sala com a gente, fazendo cafuné e paparicando de todas as formas possíveis. De noite, quando viemos deitar, ele se enfiou entre a gente e dormiu, ora enroscado em Cris, ora enroscado em mim, sempre sem sair de debaixo do lençol.

Acordei com ele miando, mais alto, mais forte e definitivamente mais fino, e, novamente, quase chorei quando o vi atacar a ração seca com uma fúria que parecia que ele não comia direito desde anteontem. Bom, ele realmente não tinha comido praticamente nada desde anteontem.

E agora, ele dorme. Debaixo da cama, porque é quentinho e escuro. Não vejo a hora de ele ficar totalmente recuperado, pra eu trazer a nova irmãzinha dele pra casa.

É, nova irmãzinha. Porque coração de mãe é assim - sempre cabe mais um. E como ela já meio que me adotou mesmo...

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terça-feira, maio 13, 2008

Amor de mãe

Eu sei que é para o bem dele. Eu sei que ele está sofrendo um pouco agora, tenso, sem saber exatamente porque está sendo submetido a isso, mas, quando isso passar, ele não vai sofrer tanto.

Mas eu não consigo não sentir esse aperto na garganta quando o vejo chorando, pedindo comida.

Daqui a cerca de 1h30 começa o procedimento de castração do meu bichinho. Desde 19h30 de ontem o potinho de comida dele foi confiscado, por causa da anestesia. Quem disse que eu dormi essa noite?

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sábado, maio 03, 2008

Frase do dia

Eu tava achando que tinha passado meia hora. Na verdade, parecia que tinha passado duas horas, daquelas duas horas bem aproveitadas. Sabe, quando você está se divertindo e duas horas passam tão rápido que mais parece que só passou meia hora? Então. Depois eu fiquei sabendo que só tinham se passado uns cinco minutos.

Chinês, sobre os cinco minutos que passou sentado olhando o mar no Red River.

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