domingo, janeiro 16, 2005

Ônibus, preconceito e coisa e tal

Então, já que falamos em chocolates, me lembrei de uma coisa...

Mentira. Tudo mentira. Eu não lembrei de nada relativo a chocolates. Mas é que meu pc deu pau assim que eu terminei de escrever o post, e eu fiquei tão puta da vida por ter que reescrever tudo que perdi o início do fio da meada. Mas enfim.

Anteontem eu fui de ônibus a Olinda. Terrível experiência, que temo ter que repetir algumas vezes, talvez até diariamente, daqui pra frente.

Assim que subi no ônibus, notei alguns olhares enviezados para a minha pessoa. Olhares meio enojados, meio de estranheza.

Discretamente dei uma cafungada debaixo do meu braço. Não, meu desodorante não estava vencido.

Quando vagou um banco, sentei e puxei o espelho para ver se não tinha uma catota pendurada no meu nariz. Não, não tinha.

Analisei minha roupa e minha aparência. Impecáveis, como cabe a uma dark patricinha indo resolver assuntos de ordem profissional e/ou burocrática. Então, o que diabos havia de errado?

Aí é que eu me dei ao trabalho de analisar as pessoas no ônibus, minha atividade predileta nesses momentos de ócio forçado. E me dei conta de que eu era provavelmente a única pessoa em todo o ônibus cuja quantidade de melanina na pele não me permitia sair de casa sem passar um filtro solar fator dragão vermelho. Então era isso? Eu estava sofrendo preconceito étnico por ser quase translúcida?!

Ora diabos. Os afro-descendentes lá do sudeste reclamam o tempo todo de serem minoria, serem chamados de preto, neguinho, tição e etc. Estão indo pelo caminho errado!

Deveriam todos vir para o nordeste. Aqui eles são maioria, e nós, pobres caucasianos, somos chamados de galegos e somos discriminados ao subir em um ônibus intermunicipal. Ou então o sudeste podia exportar branquelos para cá, para igualar as coisas.

Mas o que estou dizendo?! De acordo com meu novo amiguinho de RST, Iago, que por sua vez baseou-se em argumentos lógicos e plausíveis, de autores conceituados e etc, uma sociedade igualitária é, por definição, utópica. Estou apenas a filosofar sobre como seria bom se tudo fosse equilibrado.

E se os amigos afro-brasileiros também fossem menos frescos. Então a gente pode ser chamado de branco, branquelo e cara-pálida, tendo que levar isso na boa, enquanto eles não podem ser chamados de preto, neguinho, pretinho e tição? É negro? Então que nos chamem de alvos! Peraí... Não, alvo fica esquisito. De qualquer forma, negro também é uma cor. A diferença é nula. Eu não vejo preconceito aí. Se alguém vir esse raio de preconceito nisso, por favor, me explique. Eu quero entender.

Eu já tô de saco cheio de ser chamada de racista pelos afro-descendentes do sudeste e de sofrer preconceito étnico pelos afro-descendentes do nordeste. Isso tem que mudar, e eu já sei por onde começar a mudança.

Nunca mais vou pegar ônibus.

Ah, vai. Kombi até é mais barato.

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