quinta-feira, dezembro 20, 2007

Gatos, cachorros, crianças e outros animais de estimação

Já reparou que todas as pessoas de boa índole atraem criaturinhas inocentes?

Todos os meus amigos, sem exceção, gostam de animais. Nem sempre ao ponto de tê-los em casa, mas todos se divertem por horas e horas (tá, talvez alguns minutos) brincando com cães ou acariciando gatos. Chego ao ponto de desconfiar de uma pessoa se ela não conquista a simpatia de Billy, nosso cocker rebolativo e babão. Até porque nunca vi ele não simpatizar com alguém, mas isso não vem ao caso.

Quando conheci o Cris (meu namorido, pra quem caiu aqui de para-quedas e não me conhece nem um tiquinho), gostei dele de cara. Talvez pela similaridade de gostos - para animes, filmes, jogos, música, rpgs, bebidas e todo o resto das coisas que me interessam -, talvez por tê-lo achado bonitinho. Mas só fiquei realmente segura do que sentia depois de vir visitá-lo, e conhecer os quatro cães da casa. Uns amores, e todos gostam dele. Tranqüilizei.

A confirmação só veio depois que ele foi me visitar em Igarassu, quando Cindy, a akita mal-humorada com a qual eu só fui fazer amizade depois de 6 meses, deixou ele fazer carinho nela de cara. Sinceramente, uma pessoa que faz, em minutos, uma amizade importante que eu só consegui depois de meses de tentativa (e muitos pacotes de cream cracker), merece todo o meu respeito, amor e confiança.

A lista prossegue. Amigos que fazem veterinária por amor aos animais, amigos que vêm aqui em casa e conquistam a simpatia de Raoul (Raoul! Imagine, o gato até hoje rosna pra faxineira com quem ele convive há 2 anos!), amigos que tratam seus bichinhos de estimação como filhos, amigos que adotam animais independente da raça. Fico feliz em ter a certeza de que as pessoas que me cercam são pessoas de confiança. Animais raramente se enganam - talvez à exceção de Raoul, que já rosnou pra Videl, tentou morder a filhinha pequena da faxineira e ocasionalmente desconfia da idoneidade do braço do Cris - e, se eles confiam em uma pessoa, é certo de que algo de bom ela tem.

Outra coisa curiosa são as crianças.

Cansei de dizer que não gosto de crianças, e conheço montes de pessoas que também não suportam. No entanto, essas mesmas crianças parecem me adorar. Quando eu dava aulas, era freqüente as crianças virem sentar pra conversar comigo. A filha da faxineira anteriormente citada, sempre que me vê, só falta pular em cima de mim pra me dar um beijo e tentar me convencer a brincar de alguma coisa (às vezes, como hoje, ela consegue). A filha da namorada do pai da minha melhor amiga, toda vez que eu vou lá, me arrasta pra mostrar algum desenho, pra brincar de escolinha ou pra jogar videogame.

É difícil explicar minha relação com crianças. Por mais que elas me irritem, quando são gentis comigo eu não consigo ser indiferente. E talvez por eu mesma ser meio criançona (quer dizer, pelamordedeus! Eu jogo queimada -ou baleado, ou dodgeball- até hoje, além de rolar testes de resistência toda vez que eu vejo massa de modelar pra não encarcar os dedos - e as unhas - pra tentar fazer alguma coisa!), acabo cedendo e entrando na brincadeira.

Já ouvi gente dizendo que criança sabe quando alguém não gosta de crianças, e, por isso, antipatiza com essas pessoas. Eu discordo. Criança gosta de você por quem você é, independente de você gostar de criança ou não. Por isso, pra mim, crianças são outro indicativo de "boa-gentice" das pessoas. Elas são inocentes, e, por isso, agem como sentem. Se elas gravitam ao redor de alguém, é batata: essa pessoa presta, nem que seja lá no fundo. Tente se lembrar: você passou a simpatizar com alguém que detestava quando criança depois que cresceu, ou teve alguma confirmação de que essa pessoa é um bom exemplo? Eu particularmente não lembro de ninguém. Quer dizer, depois que cresci, passei a gostar do meu avô, mas continuo achando que ele não é bom exemplo pra ninguém. Não que eu mesma seja.

Mas voltando aos bichos de estimação, eu tenho uma ressalva a fazer quanto a pessoas que gostam de bichos: gente que alega gostar de bicho mas faz questão de que seus animais de estimação sejam todos de raça, ou que cria peixes (em aquários) ou pássaros (em gaiolas). Pra mim não tem coisa pior do que discriminação racial com animais de estimação (talvez com seres humanos, mas aí é discriminação étnica) ou privação de liberdade.

Queria ver como essas pessoas reagiriam se o mundo algum dia passasse a ser dominado por... sei lá, cães. E elas fossem relegadas a viver em canis (ou gentis... o_o). Daí vai um SRD (afinal, isso é Brasil; maior miscigenação não há...) adotar um humano de estimação para sua ninhada mais recente. Nosso espécime ilustrativo, também exemplo do samba do crioulo doido que é a nossa etnia local, aguarda insistentemente com olhos de humano-que-caiu-do-caminhão-de-mudança. E o SRD diz: "Ah, não... eu queria um humano de raça, com pedigree... Não tem um caucasiano legítimo, ou um africano raça-pura aí não?", e o "cãorcereiro" replica: "Tem não senhor, esses são os mais procurados... Mas tem um vira-latas ali que quase não dá pra perceber a mistura de raça, vamos ali que eu mostro..."

E se o mundo fosse dominado por pássaros? Imagina, esses criadores, tão orgulhosos de suas gaiolas multi-coloridas, vendo-se enjaulados... Ia ser tão bonito :)

Enfim. O texto acabou não sendo nada do que eu pretendia, mas acho que deu pra passar a idéia.

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