terça-feira, abril 19, 2005

King Arthur

Então, ontem eu postei no meu flog essa imagem aqui:

Image hosted by Photobucket.com

E no caption, um alerta para as pessoas de bem, que apreciam a boa cinematurgia (? suspeita de erro nessa palavra - me avisem se for o caso), assim como eu e meu namorido, não assistirem essa imitação de paródia de filme. Sim, porque não dá pra considerar Rei Arthur um filme sério, de verdade.

Estávamos em Salvador, e o Cris chegou do trabalho com uma cópia pirata do DVD desse filme - saía mais barato que alugar e/ou comprar o original, e ele, tanto quanto eu, estava com medo de ver esse filme e ficou com pena de gastar dinheiro nisso. Era noite, e, na falta de outros filmes que ambos quiséssemos ver, munidos de toda a coragem que tínhamos, fomos assistir, com a certeza de que o filme não podia ser bom.

Antes de narrar o filme, faço aqui um adendo - preciso explicar o porquê de toda essa minha prevenção contra o pobre filme, que até então nunca tinha me feito mal algum. Como todos sabem, sou fã incondicional das histórias de Avalon e Camelot (e, se alguém não sabia disso, saiba agora). Pra mim é inconcebível um conceito de Gwenwhyfar (e não Guinevere ou Ginevra) que não seja a vaca patricinha cristã que fode com a porra toda, um Arthur moreno que não viva atormentado entre a cruz e o caldeirão (de verdade!), um Lancelot que não mate o dragão de Pellinor e não se case com Elaine, além de não ter grau de parentesco algum com Arthur, um Gawaine da mesma idade de Lancelot, um Merlin que não tenha a barba branca chegando até a barriga, entre outras coisas que povoam o imaginário público no que cerca essa história tão antiga que só não se perdeu no tempo por persistência dessas criaturinhas vis que chamamos de humanos. Enfim, adiante.

O filme começa, se não me engano, com uma tropa de bárbaros de uma região cujo nome me esqueci sendo levada para integrar as fileiras do exército romano, e um jovem Arthur na beira do rio, com a mãe lavadeira, esculpindo uma bagacinha lá em barro ou seja lá o que for aquilo. Vem um coroa que era sacerdote ou coisa que o valha, e promete a Arthur que eles se encontrarão em Roma.

Mas peraí - Arthur de Pendragon, filho de uma lavadeira, vivendo naquela miséria? Até onde sei, Arthur é filho de Uther de Pendragon com Igraine, irmã do meio da senhora do lago! Filho de lavadeira uma porra!

Daí, aparece um campo de batalha, e Arthur, Lancelot, Bors, Gawaine e sua patotinha descem o cacete em uns saxões malvados que queriam matar um carinha lá do clero que teoricamente deveria estar dentro do coche mas não estava e... Bem, resumindo, foram uns 15 a 20 minutos de batalha completamente sem sentido.

Finda a batalha, foram todos para uma cidadezinha, onde estavam todas as amantes, esposas, filhos, bebidas e comidas preferidas dos heróis. Mostra-se que eles tinham um acordo com Roma, que depois de cumprir uma tal missão eles seriam livres pra voltar à sua terra natal. E eles já tinham terminado a missão. Então, teoricamente o papel do clérigo doido com cavanhaque mefistofélico lá era simplesmente entregar a "carta de alforria" deles, mas... Será que alguém pode adivinhar?

Ééééé! Como os romanos são muito pau no cu, eles inventaram mais uma missão: a trupe superstar de Arthur tinha que ir resgatar não sei quem não sei aonde, em algum lugar que ficava além da fronteira dos bárbaros selvagens - acho que o nome da terra era Avalon no filme, mas eu já estava desistindo de prestar atenção nessa hora, e, além do mais, nomes não importam, já que tudo é apenas uma desculpa pra mais porradaria gratuita e sangue espirrando pra tudo que é lado.

Foi aí que a gente desencanou de assistir e foi fazer coisas mais interessantes, como brincar de tiro ao alvo com cadáveres de mosquitos e acompanhar na varanda a disputa de velocidade entre duas lesminhas, entre outros tópicos de maior interesse (estou certa de que vocês são capazes de pensar em coisas mais úteis). Quando voltamos a prestar atenção no filme, estava tendo uma batalha, que, quando terminou, rolou um interlúdiozinho entre Arthur e Gwenwhyfar, Lancelot morreu (como assim?! Ele não virava padre antes de morrer, já velhinho, depois de ter filhos e o escambau? ¬¬) e os dois pombinhos se casaram... num ritual pagão, celebrado por Merlin!

Acabou o filme, e, mesmo tendo passado mais de 1h sem realmente prestar atenção nele, me arrependi de tê-lo assistido. O cara simplesmente pegou uma história conhecida e razoavelmente popular (fala sério, quem da minha geração ou da anterior nunca leu/ouviu nada sobre Rei Arthur quando ainda pequeno? Até as crianças de hoje em dia já viram algo sobre no Sítio do Picapau Amarelo!), distorceu todas as lendas que existem de forma a ficarem exatamente o contrário do que são (se bem vi, antes de casar com Gwenwhyfar, Arthur não era rei nem da carne de sol, só pra citar um dos detalhes) e aproveitou todo o assassinato histórico que cometeu pra retratar cenas de batalhas homéricas.

Pra completar, os atores são ruins e pouco carismáticos, e as tais cenas de batalha, apesar de ser sangue pra tudo que é lado, são medíocres.

Resumo e conselho final: Aproveite melhor seu tempo e seu dinheiro. Se quer ver um filme teoricamente de cunho histórico mas com muita porrada, pegue Tróia em vez de Rei Arthur. A lenda original foi preservada de forma razoável, as cenas de batalha são mais bem feitas e você ainda pode ver a bunda do Brad Pitt. Só por isso, Troy já dá de 10 a 0 em King Arthur.

E tenho dito!©

Marcadores: ,