segunda-feira, agosto 28, 2006

Contos, contos e mais contos...

Pois é. Fui no forum do PBA explicar a origem do meu nick, e lembrei que escrevia contos no Ninguem Merece v1.0. Como o Weblogger.com às vezes dá uns pipocos estranhos, resolvi passar pra cá os melhores ^^ Divirtam-se com minha falta de criatividade.

Grafitti - Um conto cinzento (11/08/04)

Era uma vez um lápis. Era um lápis muito bonito, de casca azul, HB, resistente e deveras útil pra quem escreve e desenha.
Sua dona fez ponta nele pela primeira vez. Usou algumas vezes, mas em pouco tempo ganhou uma lapiseira verde. A lapiseira, por ser mais moderna e com possibilidade de uso infinito, logo tornou-se a preferida, e o pobre lápis foi relegado a segundo plano.
E foi assim que o lápis se tornou gótico. Perdido em um gigantesco estojo verde, ele se sentia discriminado pela sua cor, já que a menina parecia ter predileção por verde. Se sentia solitário, por ser o único lápis no estojo inteiro. Terminou por se recolher a um canto isolado, no fundo do estojo, onde não sofreria preconceito por parte das canetas, que julgavam seu trabalho por demais efêmero, visto que qualquer borracha poderia eliminar qualquer vestígio de sua existência.
Um belo dia, a menina colocou mais lápis no estojo. O nosso amigo azulzinho logo ficou feliz, pois poderia fazer novos amigos. Aproximou-se dos lápis de cor, que a menina comprara para pintar os desenhos que fazia com sua lapiseira verde.
Não deu muito certo. Os lápis de cor o julgavam hipócrita, pois seu exterior não demonstrava o que ele realmente era por dentro. O chamavam de poser, e diziam que ele não tinha lugar no mundinho colorido deles.
Nosso protagonista, decepcionado, voltou a seu recanto solitário, brincando com as lascas de madeira que se acumulavam no fundo do estojo, e tentava se convencer de que era sortudo, pois, por não ser usado, não era apontado, e assim poderia viver para sempre.
Em geral, falhava miseravelmente. Ainda se sentia retrógrado e inútil.
Mas quis o destino que a lapiseira começasse a engasgar. Revoltada, a menina buscou e buscou em seu estojo, até achar o lápis. E foi assim que ele tornou a ver a luz do dia, ou, antes, a luz fluorescente da sala de aula gélida. Sua ponta foi cuidadosamente feita e afiada, e, mais uma vez, ele pode sentir o prazer de arranhar uma folha de papel. Sentia-se culto, por descobrir, pelas mãos da menina, novas fórmulas matemáticas e palavras de significado até então desconhecidos. Foi sendo usado, dia após dia, já que sua rival de plástico verde resolvera falhar. Sua ponta era feita quase que diariamente. Desenhos, textos, desabafos e corações com nomes no meio. Ele delirava, e procurava dar o melhor de si, tentando parecer mais suave quando nos rascunhos, e mais forte e marcante na finalização.
Um belo dia, ele deu-se conta de sua situação física. De um lápis longo, esbelto e atraente, se tornara um mero cotoco, de uns 2 centímetros de comprimento, quase que apenas ponta e uma base achatada. Não foi apenas ele quem notou a diferença - sem pensar muito, sua dona atirou-o na lata de lixo.
Agonizava, agora, na lixeira da sala de aula. Nunca o ar condicionado pareceu tão forte. Afogado em bolas de papel, lascas de madeira e pedaços de chiclete mastigado, ele aguardava seu destino.
Do estojo, agora desentupida e recarregada com grafite mais duro, a lapiseira verde sorria malignamente.

Bem vindos ao conto mais besta que já escrevi (19/08/04)

Em uma casa no alto da colina, isolado do resto da humanidade, morava um ser de vida eterna. Seu nome era Sonho, e, quanto mais o tempo passava, mais ele se rejuvenescia.
Um belo dia, ele começou a se sentir só. E, cada vez que isso acontecia, ele caminhava pela grande floresta que se descortinava pelo sopé de sua colina, na esperança de que isso fosse ajudá-lo a se sentir feliz. Mas, com o passar do tempo, essas caminhadas só o faziam se sentir mais e mais só.
E nessa época notou que, em sua casa, era difícil ter algum contato mais próximo com as pessoas com que se importava. Notou, enfim, que era inatingível para a grande maioria, senão todos.
E viu que, sozinho, não se bastava. Sentiu na alma a necessidade de uma companhia.
E então, como que surgida do nada, uma pessoa de grande coração chegou ao alto da colina. Eles se apaixonaram imediatamente, e, juntos, foram capazes de estabelecer uma ponte entre a casa isolada e o mundo lá embaixo. Sonho saiu de seu isolamento, e finalmente entendeu o que é ser feliz.
Essa pessoa chamava-se Coragem, e, juntos, tiveram um filho, chamado Realidade.

Ninguém é capaz de ser feliz sozinho. Todos precisamos de alguém que nos complete, e nos faça sentir vivos.
Um sonho, sozinho, não passa de um sonho. Precisamos ajudá-lo a se unir com a coragem, para, só então, apreciarmos a realidade que criamos dessa união.

***

É isso. Depois eu procuro, com paciência, e posto mais. Espero que gostem ^^

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